palavras do Guruji

viagens pelo mundo afora e pelo universo dentro de mim


"Você não precisa viajar a um lugar remoto para buscar a liberdade; ela habita seu corpo, seu coração, sua mente, sua Alma. A emancipação iluminada, a liberdade, a pura e imaculada felicidade estão a sua espera, mas você precisa escolher embarcar na jornada interior para descobri-las."
B.K.S. Iyengar em Luz na Vida

23 de maio de 2011

elucubração

Dia desses, estava engatando a 1ª para arrancar logo que o farol abriu e ouvi o carinha que vende bala passando entre os carros reclamando alto e bravo que só passava gente muquirana naquela rua. Achei interessante...
Somos muquiranas porque não quisemos comprar aquela bala horrorosa entupida de açúcar e corante, foi isso? Se ele vendesse algo mais convidativo, em vez de apelar para o bom coração humano com a frase “compre para me ajudar”, talvez as vendas melhorassem. Desse jeito soa como um pedido de esmola disfarçado; ele pede um trocado fingindo que está vendendo alguma coisa. E não é sempre que as pessoas dão esmolas — isso simplesmente não funciona em todos faróis vermelhos.
As pessoas compram o que precisam e na maioria das vezes, o que não precisam, mas querem muito. Então, quem vende precisa ter a sensibilidade para oferecer o que o outro quer muito. O que faria aquela mulher dentro do carro abrir a bolsa, pegar a carteira, descer o vidro e chamar o vendedor? E aquele rapaz da moto ao lado, o que ele compraria naquela hora?
Nas relações comerciais é assim que funciona. Eu vendo algo que você quer e você compra. Se eu vendo algo que ninguém quer, ninguém compra e ponto final. Posso tentar convencer as pessoas a comprar, mas certamente não o farei chamando todo mundo de muquirana no meio da rua.
Ok, talvez eu esteja sendo um pouco dura com o carinha. Talvez ele apenas estivesse passado por um dia ruim, mas não pude evitar todas essas elucubrações sobre como ele reagiu quando ninguém quis comprar as balas, que talvez nem ele mesmo comprasse se estivesse do outro lado do vidro do carro.
Ele continua achando que todos deveriam comprar só para ajudar por estar acostumado com um raciocínio assistencialista, onde eu peço e espero a boa vontade do outro para me dar. Às vezes funciona, mas nem sempre, e quando não, continua culpando os outros em vez de bolar algo diferente para vender e ter mais chances de sucesso.

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