palavras do Guruji

viagens pelo mundo afora e pelo universo dentro de mim


"Você não precisa viajar a um lugar remoto para buscar a liberdade; ela habita seu corpo, seu coração, sua mente, sua Alma. A emancipação iluminada, a liberdade, a pura e imaculada felicidade estão a sua espera, mas você precisa escolher embarcar na jornada interior para descobri-las."
B.K.S. Iyengar em Luz na Vida

24 de dezembro de 2013

União de Vishnu e Lakshmi



Lakshmi e Vishnu juntos do blog 
http://cyg76.blogspot.com.br/2010/06/lakshmi-and-vishnu.html


Queridos amigos, alunos e leitores, sou muito grata de ter vocês por perto compartilhando experiências nessa linda jornada de auto conhecimento!

As realidades material e espiritual são interdependentes. Fora da realidade material, a realidade espiritual não pode ser descoberta nem revelada e sem a realidade espiritual, a material não tem propósito.

Purusha (Deus, Vishnu) sustenta o mundo e Prakrtti (Deusa, Mãe Natureza, Lakshmi) é a prosperidade personificada. Ele não pode cumprir sua função sem ela e ela não tem propósito sem ele. Vishnu e Lakshimi validam-se mutuamente e um não pode existir sem o outro.

A união dos dois é Yoga. E é através dessa união que podemos ter a perfeita realização de quem realmente somos.

Um lindo Natal pra todos e que 2014 seja um ano próspero material e espiritualmente!

Em Janeiro, a Shala Rosa Iyengar Yoga retomará as atividades no dia 6, 2ª feira. Os horários continuam os mesmos.




As fotos acima foram tiradas no sábado, dia 21 de dezembro, última aula do ano na Shala Rosa. Gostaria de agradecer a Ana Sardinha por ter tirado a maioria das fotos entre a execução de um āsana e outro. Também, aos queridos alunos Ana — mais uma vez, Gabi, Lara, Luciano, Mari, Mauro, Mila, Sandra e Tarsila por resistirem às longas permanências até encontrarmos os melhores ângulos. 
Também agradeço aos outros alunos da Shala Rosa que não puderam participar da confraternização de fim de ano. Como não canso de repetir: a Shala Rosa só existe por causa de vocês e sou muito grata por isso!

18 de dezembro de 2013

Respiração como agente conector e unificador


Prashant Iyengar possui maneiras muito próprias e esclarecedoras de transmitir seus ensinamentos. Muitas vezes em suas aulas, ele usa vocabulário próprio e faz metáforas simples, mas muito acertadas para explicar conceitos filosóficos difíceis de entender. Sua linguagem é cheia de símbolos e sacadas geniais. Aqui, ele fala sobre a respiração como agente conector, coletor e unificador. Mais uma gota do oceano de sabedoria do Yoga.

Trecho de entrevista concedida em 12 de Julho de 2013 a estudantes mexicanas que estavam praticando no RIMYI. A entrevista completa — excelente, por sinal! — se encontra no site Iyengar Yoga center do México http://www.yogacenter.com.mx/articulos/entrevista_prashant.html
Vale muitíssimo a leitura e a reflexão.

Pergunta: Quais outros agentes, além da respiração, te permitem conectar-se, coletar-se (reunir-se) e unificar-se?

Prashant: Bem, a respiração é o melhor agente para este fim. Se você quer ter um edifício construído precisa de cimento, o concreto é o melhor material: unifica, junta etc. Assim, a respiração é o mais importante fator para conectar o corpo com a respiração, o corpo com a mente, o corpo com os órgãos, mente e corpo, mente e órgãos, sentidos e corpo, sentidos e órgãos. É como "cola". Assim é a natureza da respiração.

A respiração não é o ar. Quando está fora de seu corpo é ar, mas uma vez que entra, se converte em substância, tem personalidade única. Seu corpo e sua mente têm antecedentes genéticos, a respiração não tem antecedente genético, seu corpo e sua mente têm origens étnicas, como vocês que são todas mexicanas, não há nada como a respiração mexicana ou a respiração hindu. Seu corpo é mexicano, sua mente é mexicana, o corpo é hindu, a mente é hindu, mas não sua respiração. Assim como não há informação genética, não há etnia, não há fronteiras. O corpo e a mente têm limites: casta, credo, gênero, status, altura, condição, isso não se aplica para a respiração. Não há algo como uma respiração feminina ou masculina, não há respiração anciã ou jovem, não há respiração hindu ou cristã, por isso a respiração não tem limites.

A respiração tem antecedentes cósmicos e é o melhor agente que podemos usar. A respiração não tem uma religião, não tem nenhuma afiliação, afinidade ou fé, nem nacionalidade, a respiração é ar fresco. A cada quatro segundos se foi e veio, por isso temos um recém-nascido a cada respiração. Um bebê não tem religião, não tem nenhuma fé, um bebê é apenas um bebê.

Uma nova respiração a cada quatro segundos, quinze respirações por minuto, que é a média, mas é sempre fresca e como um bebê recém-nascido cria harmonia na família. O bebê é como um Deus, mesmo quando há discórdia entre as pessoas, a família se reúne. Antes de o bebê nascer estavam lutando pelas propriedades, por suas próprias partes etc, mas quando o bebê nasce todos se reúnem.

Há um novo bebê que cria a afiliação que mencionei em sala de aula esta manhã: um bebê recém nascido une os membros de uma família, assim a respiração unifica os assuntos da mente e do corpo. Esse é o melhor agente que podemos usar.




ilustração “Lungs” de Herbs of Birds http://society6.com/artist/herdsofbirds

9 de dezembro de 2013

Bandagem para Ṣaṇmukhi Mudrā



Encerrando o ano de 2013, no mês de dezembro do calendário “Body is my first prop”, BKS Iyengar fala sobre o uso da bandagem durante a pratica de yoga. Confiram a tradução livre a seguir.



“Um grande filósofo e pensador, J. Krishnamurti em suas palestras costumava mencionar “mente passiva alerta”. Em amukhi Mudrā eu sentia esse estado de passividade alerta no cérebro e na mente. Krishnamurti veio até mim para aprender yoga. Ele costumava dizer que atingir esse estado é muito difícil e levaria anos para cultivá-lo.

Um dia, enquanto falávamos sobre a “mente passiva alerta”, demonstrei amukhi Mudrā nele. Ele também sentiu que era a mesma condição e ficou muito feliz de experimentá-la.

Contei a ele a estória de Ramakrishna Paramahamsa.
Alguns praticantes de Hatha Yoga atravessaram um rio e encontraram-se com ele. Eles contaram que após anos de sādhana (pratica), eles alcançaram uma siddhi (perfeição, poder mágico) pela qual podiam andar sobre a água e que tinha sido assim que tinham se encontrado com ele. Ramakrishna disse despreocupadamente, ‘Oh, porque vocês passaram por tantos problemas por tantos anos, quando, se vocês tivessem dado a um barqueiro alguns paisas (unidade monetária da Índia usada na época), ele os teriam atravessado o rio!’

Amarrei uma gravata em volta dos olhos de Krishnamurti criando a mesma sensação e falei a ele que usando uma gravata ou um lenço poderíamos alcançar o mesmo efeito imediatamente, então por que lutar durante anos? Nós dois demos uma boa risada!

amukhi Mudrā foi o ponto inicial do desenvolvimento da bandagem como um prop (suporte, acessório). Não são todos que podem fazer amukhi Mudrā, porque é dolorido e difícil manter os dedos das mãos sobre os olhos e face por muito tempo sem criar nenhuma tensão. Durante uma aula era difícil dar amukhi Mudrā para todos os alunos devido à restrição de tempo. ‘Como todos podem experimentar amukhi Mudrā simultaneamente?’, era uma questão persistente em minha mente.

Naqueles tempos, os homens costumavam usar Hanuman Langot (um pedaço de tecido de 1 a 1,5 metros de comprimento e 4 a 5 dedos de largura, usado como roupa de baixo para suportar os órgãos genitais). Achei que era muito versátil. Enrolei ao redor dos olhos tentando uma gama de pressões. Com alguns ajustes, senti a mesma condição de “mente passiva alerta” de quando as têmporas estão relaxadas.

Tentei diferentes materiais porque o uso do Hanuman Langot não seria aceito pela sociedade. Finalmente, a bandagem elástica ofereceu os resultados desejados.” 

                   Ilustração da internet demonstrando Ṣaṇmukhi Mudrā sem o uso da bandagem