palavras do Guruji

viagens pelo mundo afora e pelo universo dentro de mim


"Você não precisa viajar a um lugar remoto para buscar a liberdade; ela habita seu corpo, seu coração, sua mente, sua Alma. A emancipação iluminada, a liberdade, a pura e imaculada felicidade estão a sua espera, mas você precisa escolher embarcar na jornada interior para descobri-las."
B.K.S. Iyengar em Luz na Vida

21 de janeiro de 2010

Uma despedida desconcertante



São 23h, acabei de deitar na minha cama da Guest House em Luang Prabang, no Laos, exausta, querendo dormir. Hoje, no fim de tarde, me despedi do Vietnã. Mas a estória desse dia esquisito começou muito mais cedo: às 5 da madrugada com um solavanco causado por uma freada brusca do trem.
Escolhi o beliche de cima, porque sempre gostei de dormir nas alturas. Na ida para Sapa, no Norte do Vietnã, também viajei na caminha mais próxima do teto, na mesma configuração da cabine pra nós quatro.
Saímos de Sapa com o fim de tarde de ontem e passamos a noite no trem. Gostoso, apesar dos trancos e da luz piscante das estações. A imagem da noite é a de ter sido engolida por uma enorme cobra mecânica, barulhenta, que rasgava a noite engolindo as luzes dos postes e o mato na beira do trilho.
Chegamos cansadas logo depois das 5 da manhã, tudo escuro. Pegamos um taxi, negociamos o preço e fomos para o hotel, que ainda estava fechado. Do seu colchonete estendido no chão da recepção, o faz tudo do hotel acionou o controle remoto pra gente entrar e continuou dormindo. Acendemos a luz do banheiro e abrimos a porta. No pequeno espaço na frente do banheiro, onde mais tarde seria montada a única mesa para o café da manhã dos hospedes, organizamos nossas malas e esperamos.
Mas não esperamos pelo café da manhã com os outros hóspedes. Preferi comer um croassant au chocolat amanhecido e tomar um Chai forte a duas quadras do hotel. Bem gostoso! Outro taxi, e rumamos pra região do mausoléu do Ho Chin Mihn, não pra ver o corpo, mas para ir ao Museu de Etimologia de Hanoi, programão.
Nos perdemos entre as histórias das tribos da região e restou pouco tempo para as últimas compras na capital vietnamita. Depois de um delicioso almoço no Green Mango, no coração do Old Quarter, nos dividimos.
Não senti nada quando meu celular foi tirado da minha mochila. Já tínhamos sido alertadas dos batedores de carteira de Hanoi. Andei sempre muito atenta com a mochila devidamente zipada na frente do corpo, mas com a pressa, me descuidei. Naquela tarde usei o I-Phone como vinha usando no último mês, pra calcular o preço em reais de alguma coisa. Me distrai com o dono da loja e o saquinho plástico, a Ana do outro lado da rua apressada...
Duas quadras de lá, reparei a mochila aberta e dei falta do celular. Voltei na lojinha, ninguém viu nada. Senti um bodinho em relação àquele país, me senti mal. Fui atrás de bloquear o celular com a Tim. Só era mesmo o que faltava, além de perder o aparelho, ter ainda que pagar por um monte de chamadas internacionais.
Já no aeroporto de Hanoi, consegui falar com a Tim do celular da Ana. Tudo certo, na volta pro Brasil tenho como recuperar parte dos meus contatos e desbloquear meu número. Entrei no avião da Laos Airlines tentando não pensar no prejuízo, relembrando apenas os bons momentos no Vietnã, que foram muitos em Hue, Hoi An, Hanlog Bay, Sapa, Hanoi... Desconcertante Hanoi!

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