palavras do Guruji
viagens pelo mundo afora e pelo universo dentro de mim
"Você não precisa viajar a um lugar remoto para buscar a liberdade; ela habita seu corpo, seu coração, sua mente, sua Alma. A emancipação iluminada, a liberdade, a pura e imaculada felicidade estão a sua espera, mas você precisa escolher embarcar na jornada interior para descobri-las."
B.K.S. Iyengar em Luz na Vida
"Você não precisa viajar a um lugar remoto para buscar a liberdade; ela habita seu corpo, seu coração, sua mente, sua Alma. A emancipação iluminada, a liberdade, a pura e imaculada felicidade estão a sua espera, mas você precisa escolher embarcar na jornada interior para descobri-las."
B.K.S. Iyengar em Luz na Vida
14 de fevereiro de 2010
Kumbh Mela Haridwar 2010
É a segunda vez que estou na Índia durante um Kumbh Mela (maior encontro religioso do mundo!). A primeira, em 2001, fiquei apreensiva com as notícias no jornal. Era muita gente: o Maha Kumbh Prayag em Allahabad reuniu 74.4 milhões de pessoas durante o mês de comemorações. Tive uma prévia em Varanasi, onde encontrei alguns Naga Sadhus indo embora, e no trem na ida pra esta cidade, quando acordei na madrugada rodeada por olhos arregalados e vermelhos. Estávamos em duas meninas, sem lugar pra dormir, pouca grana pra contratar um guia indiano... Preferi não arriscar.
Sem planejar, tive a sorte de vir para cá esse ano durante o Kumbh Mela em Haridwar (que fica a poucos kms de Rishkeshi, onde eu estaria). Estava empolgada, mas as datas não estavam coincidindo e as pessoas não pareciam muito animadas. Já estava bem acostumada com a idéia de não passar em Haridwar (pronuncia-se Rariduar), e deixar pra uma próxima: os Kumbh Mela acontecem de 12 em 12 anos em 4 diferentes cidades alternadamente, isto é, mais ou menos de 2 em 2 anos acontece um encontro em um dos 4 lugares.
Sem muitas expectativas – o que é ainda mais legal – descobrimos uma brecha na programação do curso de yoga que estou fazendo em Dehradun (também bem próximo de Haridwar) bem no dia do Maha Shiva Ratri, considerado por muitos o 6º dia para o banho do Kumbh. Aqui vale uma observação: um dos rituais mais importantes durantes as festividades na busca da Imortalidade são os banhos nas águas sagradas dos rios onde acontecem os encontros. E banhar-se durante num dia especial como foi último dia 12 é ainda mais auspicioso!
Lá fomos nós: o casal Marina e Sun, o Scott, um americano que divide a casa em Dehradun com eles, e a Márcia, que está viajando comigo. Combinamos com um taxista e às 8 da manhã estávamos na estrada.
O Governo monta uma mega estrutura e gasta zilhões de Rupias pra manter as festividades em ordem, sem maiores incidentes. Paramos o carro no estacionamento e andamos muito pra chegar na muvuca. Não foi possível assistir ao banho dos Sadhus (resumidamente sao renunciantes considerados homens santos que vivem nus, cobertos de cinzas, como Shiva), mas acabei tomando outro banho no Ganges. Não imaginei entrar na água em Hardwar, mas fazia tanto calor e a gente andou tanto, que não resisti. Entrei com a meia calça de lã e a camiseta que eu vestia por baixo do meu “salwar-kameez”. Como as mulheres costumam entrar na água de roupa mesmo, nem chamei a atenção.
On Namah Shivaya, Shivaya Namah Om!
8 de fevereiro de 2010
Jaya Ganga!
Domingo não temos prática de yoga com a Usha e a sala fica fechada até para a prática pessoal. Holiday: decidimos tomar banho no Ganges! Esperava por esse momento desde a saída do Brasil. Na outra viagem quando conheci Rishikesh estava muito frio, vim pra cá a primeira vez em janeiro. Molhei os pés e nem cogitei entrar na água de tão fria que estava.
Desta vez, vim preparada. Ouvi dizer de quem veio em fevereiro que dava pra entrar, sim. Escolhemos um lugar mais tranqüilo bem pra lá da Laxmi Jula. Um pouco mais longe dos olhares curiosos dos indianos. Levei dois tecidos de algodão longos, um para eu entrar na água enrolada nele (biquíni nem pensar, as mulheres entram na água vestidas) e outro pra me secar.
Mesmo distante das “praias” e ghats mais populares, não deu pra escapar de um grupo de curiosos que foi só nos ver chegando perto da água, pra ficar espiando de trás de uma árvore mais acima do morro. Dei uma olhada pra eles de repente e percebi uma câmera fotográfica apontada pra gente. O rapaz me viu olhando e na hora apontou a câmera para o alto, disfarçando. Eles também usam desse artifício quando não querem ser flagrados nos fotografando. Achei engraçado!
A Márcia entrou de uma vez, sem pensar muito. Eu, por outro lado, preciso entrar em águas muito frias bem aos poucos. Mergulho direto, nem pensar. Primeiro entrei até as canelas, que doeram de frio, e sai. Voltei a entrar e molhar as coxas. Mais umas três investidas molhando os pulsos, pescoço, cabeça e reuni a coragem pra mergulhar. Uau, que delícia!
Voltei a entrar mais algumas vezes até a minha cabeça reclamar da friagem com umas pontadas. Agradeci as águas puras do Sagrado Ganga (em Rishikesh o rio ainda é cristalino de um verde jade maravilhoso!). Pensei nos muitos Rishis, Renunciantes, Buscadores, e nas tantas gentes comuns, assim como eu, que já se banharam e se banham nessas águas todos os dias nos últimos milênios. Pensei em toda a vida que o rio trás e nas muitas impurezas que ele leva. Sorri satisfeita!
Desta vez, vim preparada. Ouvi dizer de quem veio em fevereiro que dava pra entrar, sim. Escolhemos um lugar mais tranqüilo bem pra lá da Laxmi Jula. Um pouco mais longe dos olhares curiosos dos indianos. Levei dois tecidos de algodão longos, um para eu entrar na água enrolada nele (biquíni nem pensar, as mulheres entram na água vestidas) e outro pra me secar.
Mesmo distante das “praias” e ghats mais populares, não deu pra escapar de um grupo de curiosos que foi só nos ver chegando perto da água, pra ficar espiando de trás de uma árvore mais acima do morro. Dei uma olhada pra eles de repente e percebi uma câmera fotográfica apontada pra gente. O rapaz me viu olhando e na hora apontou a câmera para o alto, disfarçando. Eles também usam desse artifício quando não querem ser flagrados nos fotografando. Achei engraçado!
A Márcia entrou de uma vez, sem pensar muito. Eu, por outro lado, preciso entrar em águas muito frias bem aos poucos. Mergulho direto, nem pensar. Primeiro entrei até as canelas, que doeram de frio, e sai. Voltei a entrar e molhar as coxas. Mais umas três investidas molhando os pulsos, pescoço, cabeça e reuni a coragem pra mergulhar. Uau, que delícia!
Voltei a entrar mais algumas vezes até a minha cabeça reclamar da friagem com umas pontadas. Agradeci as águas puras do Sagrado Ganga (em Rishikesh o rio ainda é cristalino de um verde jade maravilhoso!). Pensei nos muitos Rishis, Renunciantes, Buscadores, e nas tantas gentes comuns, assim como eu, que já se banharam e se banham nessas águas todos os dias nos últimos milênios. Pensei em toda a vida que o rio trás e nas muitas impurezas que ele leva. Sorri satisfeita!
3 de fevereiro de 2010
Relatividade do ser
No Dia de Iemanjá (ontem, 2 de fev.) depois da prática matinal fui com a Marcinha até uma área mais reservada das margens do Ganges para fazer um puja para ela. Compramos as oferendas (umas bandejinhas com pétalas de flores, incensos e vela) e escolhi uma pedra dentro do rio para de lá soltar meu barquinho. Acendi os incensos, vela, rezei e fiz minha oferenda.
Depois da missão cumprida, ficamos sentadas na areia lendo um pouco. Bem pertinho, tinha um indiano muito simpático que ao saber que éramos brasileiras, virava e mexia fazia uma pergunta sobre o Brasil. A última, ele prometeu que não perguntaria mais nada, foi sobre Samba. Nice music, foi o que ele disse. Quando nos levantamos pra ir embora, na despedida, ele disse que eu parecia uma indiana nascida no Punjab. Disse que minha pele era mais amarelada, como das indianas. Depois de repetir isso umas três vezes, ele pensou um pouquinho e se desculpando disse que eu não era atraente. Minha amiga, sim, era muito, mas eu era muito parecida as mulheres do Punjab.
Hoje tomei café da manhã no lugar de sempre, fui sozinha. O garçom, que já me conhece e fica todo contente quando a gente vai comer lá, perguntou meu nome e oferecendo sua mão para um cumprimento, disse o dele. Quando eu estava indo embora, ele disse que eu parecia indiana. Repetiu a frase três vezes, pensou um pouco e falou: an indian goddess, you look like! E deu uma piscadinha pra mim.
Parecer com as mulheres indianas pode render situações bem divertidas!
Depois da missão cumprida, ficamos sentadas na areia lendo um pouco. Bem pertinho, tinha um indiano muito simpático que ao saber que éramos brasileiras, virava e mexia fazia uma pergunta sobre o Brasil. A última, ele prometeu que não perguntaria mais nada, foi sobre Samba. Nice music, foi o que ele disse. Quando nos levantamos pra ir embora, na despedida, ele disse que eu parecia uma indiana nascida no Punjab. Disse que minha pele era mais amarelada, como das indianas. Depois de repetir isso umas três vezes, ele pensou um pouquinho e se desculpando disse que eu não era atraente. Minha amiga, sim, era muito, mas eu era muito parecida as mulheres do Punjab.
Hoje tomei café da manhã no lugar de sempre, fui sozinha. O garçom, que já me conhece e fica todo contente quando a gente vai comer lá, perguntou meu nome e oferecendo sua mão para um cumprimento, disse o dele. Quando eu estava indo embora, ele disse que eu parecia indiana. Repetiu a frase três vezes, pensou um pouco e falou: an indian goddess, you look like! E deu uma piscadinha pra mim.
Parecer com as mulheres indianas pode render situações bem divertidas!
India
Já estou em Rishikesh há alguns dias. Depois de um mês de férias viajando pela Tailândia, Camboja, Laos e Vietnã, retomo a rotina de yoga aqui na Índia. Acordo umas 7h30, me arrumo e desço pra sala de prática, que fica aberta todas as manhãs das 7:30 às 11 para os alunos inscritos nas aulas da Usha. Umas 11 e pouco saiu para tomar masala tea e comer butter nan. Todo dia, o mesmo pedido. Depois vou dar uma volta, fazer puja pro Ganga, ler um pouco, comprinhas.
Estou lendo um livro incrível: Shantaram, de Gregory David Roberts, um australiano que na narra o que ele passou nos anos em que viveu em Mumbai. A princípio, resisti um pouco em começar a leitura. Apesar de todas as recomendações, o livro escrito em inglês tem mais de 900 páginas. Uma tarde, passeando pela Khosan Road em Bangkok dei de cara com um exemplar usado a venda. Me surpreendi quando peguei ele na mão. Apesar de enorme, é bem leve. Vou encarar, decidi. Ainda bem! Tô amando e me sinto conectada com o autor em relação ao carinho com que ele se refere à Índia e aos indianos. Apesar da história maluca que ele viveu por aqui, bem diferente das minhas experiências, compartilhamos esse sentimento e isso é muito legal.
Assinar:
Postagens (Atom)