palavras do Guruji

viagens pelo mundo afora e pelo universo dentro de mim


"Você não precisa viajar a um lugar remoto para buscar a liberdade; ela habita seu corpo, seu coração, sua mente, sua Alma. A emancipação iluminada, a liberdade, a pura e imaculada felicidade estão a sua espera, mas você precisa escolher embarcar na jornada interior para descobri-las."
B.K.S. Iyengar em Luz na Vida

17 de abril de 2011

Só isso, tudo isso

Um dia desses, uma amiga comentou que seu maior desafio é conseguir meditar. Fiquei pensando nisso...
Lembrei das palavras da querida mestra Karin O'Bannon durante o primeiro retiro que fiz com ela em Florianópolis há uns dois anos. Na programação, todos os dias de manhã antes da prática de pranayama, dispúnhamos de 40 minutos facultativos para meditação. Isso é, aparecia quem quisesse e a Karin não conduzia a pratica, nem mesmo participava da meditação.
No começo da primeira pratica de panayama, logo depois da invocação à Patanjali, Karin falou sobre suas impressões sobre nossa “meditação” (coloco entre aspas, porque não acredito que alguém estivesse de fato meditando, estávamos treinando Dharana, concentração. Usamos a palavra Dhyana, meditação, tanto para o treino que nos leva à ela, como para ela em si).
Karin observou que depois de 40 minutos com as pernas cruzadas no chão muita gente estava “brigando” pra “meditar”, lutando pra manter o corpo ereto e a mente passiva...
Brigar pra conseguir passividade?
Acredito que durante o treino de meditação, como nos pranayamas, não deve haver luta. Se existe uma briga, já saímos completamente do estado receptivo que buscamos nessas praticas. Não é uma prova ou algo que devemos colocar um monte de imposições, intenções e tensões. Nesse caso, já estamos fora!
Apesar de não ensinarmos técnicas de meditação sentada na prática de Iyengar Yoga, para uma das minhas mais queridas alunas, abri uma exceção. No final de toda pratica, depois de um longo relaxamento final e depois de ter preparado bem as costas dela com os asanas, nos sentamos por 10 minutos em silêncio.
As costas não tocam o encosto da cadeira e mantemos a coluna ereta, ísquios bem apoiados no assento, pés no chão, mãos repousando sobre um cobertor dobrado para dar espaço para ombros girarem para trás e para baixo. Cabeça em linha com a bacia. Observamos a respiração e tudo que vier à mente sem tensão, sem julgamento. Com suavidade, conduzimos a atenção novamente para a respiração toda vez que percebemos que nos desviamos dela. E assim ficamos com a mente quieta, espinha ereta e o coração tranqüilo. Só isso, tudo isso!


Carminha, uma de minhas alunas mais entusiasmadas com o yoga, tem 83 anos

Nenhum comentário: