palavras do Guruji
viagens pelo mundo afora e pelo universo dentro de mim
"Você não precisa viajar a um lugar remoto para buscar a liberdade; ela habita seu corpo, seu coração, sua mente, sua Alma. A emancipação iluminada, a liberdade, a pura e imaculada felicidade estão a sua espera, mas você precisa escolher embarcar na jornada interior para descobri-las."
B.K.S. Iyengar em Luz na Vida
"Você não precisa viajar a um lugar remoto para buscar a liberdade; ela habita seu corpo, seu coração, sua mente, sua Alma. A emancipação iluminada, a liberdade, a pura e imaculada felicidade estão a sua espera, mas você precisa escolher embarcar na jornada interior para descobri-las."
B.K.S. Iyengar em Luz na Vida
6 de fevereiro de 2009
Ramana Maharshi
Dia desses aqui na Índia, entrei em uma livraria atrás de internet. …eu e minha busca insana atrás da rede mundial de comunicação... Acabei descobrindo umas revistinhas em quadrinhos de uma coleção de clássicos ilustrados chamada Amar Chitra Katha. Nelas, histórias da mitologia indiana são recontadas, assim como algumas do folclore, das lendas e da História, com H maiúsculo.
Comprei uma porção — na verdade, 4: Tales of Shiva, Bheema and Hanuman, Sri Ramakrishna e Ramana Maharshi. A última (citada), era a última (revistinha) da loja e demorei um tempão para achar. Valeu cada segundo: a vida de Ramana Maharshi foi muito linda mesmo. Fui lendo devagar para que o prazer durasse só mais um pouquinho...
Me fez lembrar da montanha Arunachala e de Tiruvanamalai, cidadezinha no Estado de Tamil, que visitei há 4 anos atrás. Foi lá que recebi uma das benções mais significativas da minha vida. No templo da cidade (um dos maiores do Sul da Índia), existe um elefante, um elefante ensinado, que agracia o “bom fiel — que lhe oferece uma moeda” com uma gentil “trombada” na cabeça. Se o “fiel” vem com graça e em vez de moeda, oferece um pedaço de pau pro elefante, ele, que não é bobo nem nada, até aceita, mas não dá a benção.
Fomos para essa cidadezinha onde Shiva aparece como fogo no topo da montanha por causa do Ashram de Ramana Maharshi. Já tínhamos ouvido falar e desde sempre sentia uma afinidade por ele...
Subimos a montanha até a gruta onde ele meditou por anos e anos seguidos, comprei uns livrinhos com o pouco que ele falou e deixou registrado e me encantei ainda mais por ele.
E hoje, de volta ao Sul da Índia —reservei um tempo para ler a bonita história de Ramana Maharshi e tive meus olhos cheios de lágrimas por duas vezes, fora as vezes enquanto eu lia os quadrinhos...
Logo cedinho, quando ia para o Instituto, andando no lusco-fusco, ia tirando fotos das pessoas no contra-luz dos faróis dos carros. Um “intocável” passou pela lente da minha snap-shop e eu não dei o clique. Senti uma compaixão enorme daquele ser que nem a atenção da minha curiosa câmera consegue captar.
Umas de 12 horas mais tarde, também fiquei com olhos cheios de lágrimas — desta vez de raiva. Peguei um riquixá na rua da casa dos meus amigos e pedi que ele me levasse para o E-Square (que é um Shopping, na avenida mais casca-grossa de atravessar). O bom é que o Shopping fica do mesmo lado que a rua que vai pra minha casa, então pensei em atravessar a avenida com o riquixá e ir andando até em casa, que é um pouco fora de mão e ninguém está disposto a me levar até lá — ainda mais na hora do rush. Não é que o motorista foi diminuindo a velocidade quando chegamos em frente ao shopping, só que no outro lado da rua. Toquei o ombro dele e mandei: “Other side!” (uma amiga me disse que poucos falam inglês então o melhor é ser curta e... grossa (brincadeirinha!). Ele respondeu: “No other side”... em seguida, um tímido, “Sorry”. Fiquei mal, paguei umas Rs. 2 a mais do que marcava o “meter” porque não tinha o valor certinho e desci sem agradecer. “Caramba, como que eu vou atravessar essa rua a essa hora?”
Quase entrei em pânico — quem anda comigo a pé sabe que atravessar ruas movimentadas não é bem o meu forte — além disso não tinha ninguém atravessando pra eu colar... Esperei um pouquinho, dei uma resmungada sozinha como se pedindo aos céus, e me joguei fazendo com a mão igualzinho a eles, movimentando de baixo para cima pedindo licença. Ouvi umas buzinas — normal! — e cheguei do outro lado ilesa.
Fiquei pensando no motorista e senti compaixão também. Ele sabe que me ferrou, mas a boa ação pra mim não valia a pena pra ele. A corrida deu Rs. 12,50 (uns US$ 0,25) o que não pagaria nem a gasolina se ele tivesse que pegar o transito da outra mão da avenida e fazer o retorno lá na frente...
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
I read this in translation- no need to feel any compassion for the rickshaw man. I am an Indian. So I should know: the man possibly charged you double the fare.
Postar um comentário