palavras do Guruji

viagens pelo mundo afora e pelo universo dentro de mim


"Você não precisa viajar a um lugar remoto para buscar a liberdade; ela habita seu corpo, seu coração, sua mente, sua Alma. A emancipação iluminada, a liberdade, a pura e imaculada felicidade estão a sua espera, mas você precisa escolher embarcar na jornada interior para descobri-las."
B.K.S. Iyengar em Luz na Vida

10 de fevereiro de 2009

vida de cão


Caminhando para minha aula no Instituto fico pensando na Índia como o berço da humanidade. Li um artigo que dizia alguma coisa desse tipo, que arqueólogos indianos descobriram um cidadão em um pequena vila, onde os casamentos entre primos é comum, que carrega DNA semelhante ao dos primeiros humanóides habitantes da Terra. Ao que tudo indica, há milhões de anos, eles viviam na África e de lá migraram para outras partes do Globo, quando as terras da Terra ainda não eram separadas pelos oceanos que existem hoje. E esse cidadão moderno, carrega em seu DNA uma herança dos primeiros habitantes do vale do Hindus... uma coisa incrível!
Essa lembrança puxou outro pensamento e fiquei viajando em como algumas expressões fazem total sentido aqui na Índia. Não sei se a nossa “fila indiana” vem da Índia ou dos indígenas brasileiros, mas aqui penso nela várias vezes por dia. As calçadas são estreitas, mal cuidadas e muitas vezes mais sujas que a própria rua... Conseqüência: todo mundo anda na rua como se estivéssemos em uma cidadezinha do interior. O único problema é que estou em uma cidade grande com milhões de habitantes e mais milhões de carros, riquixás, bicicletas, scooters, caminhões... Andar acompanhada por alguém na rua só é possível em fila indiana.
Outra expressão é vida de cachorro. Os cães são extremamente assustados, famintos e mal cuidados — na verdade, os que vivem na rua não são nada cuidados. E eles são super carentes, basta dar uma olhadela pra eles com um pingo de compaixão que você ganha um fiel companheiro. Os vira-latas vivem uma vida bem dura!
O que me chamou bastante a atenção em Pune nesta viagem é que tenho visto muitos cachorros usando coleiras, passeando ao lado de seus donos. Coisa que não tinha visto antes, pelo menos, não tinha me chamando a atenção. Quando vou para minhas aulas no Instituto, sempre vejo pelo menos um labrador bem gorducho e limpinho andando perto de um dono atencioso. Hoje mesmo (domingo) na volta da rua pra casa, vi uma menina vestindo abrigo de ginástica andando rapidamente com seu cãozinho solto por perto. Mais próximo de casa, vi um labrador amarelo na coleira com seu dono, que gentilmente disse “No” quando o cachorro veio me cheirar.
Talvez isso seja mais um sinal da globalização... Talvez daqui alguns anos a expressão “vida de cão” perca o sentido aqui na Índia também. Pessoalmente, espero que sim!

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